sábado, 29 de novembro de 2008

O dilema da criação de valores - continuação


A tendência natural é querer sempre mais e mais. O que foi conquistado nunca é suficiente. Quem conquista mais tem mais “status”. Que fica estagnado acaba no ostracismo: desprezado, discriminado.
Perceber que suas ações são incoerentes é quase impossível. Uma cegueira protetora forma-se. Pois pior do que enxergar-se com um ser egoísta é sentir-se excluído.
Portanto, mesmo que alguém perceba que seus atos não são éticos, incluir-se será mais importante. E apoiar o grupo em suas ideologias mais condizente.
Tanto faz viver isolado em uma ilha ou no centro de uma grande metrópole. A questão não é o que se faz com a vida, mas que todos vivem não importa que estilo escolha. Ter ou não ter não muda a necessidade de lutar pela sobrevivência e sentir prazer.
Se o vazio que cada um sente não for ocupado por uma atividade qualquer é certo que a loucura tomará lugar. Ninguém consegue vencer a ausência de sentido da vida. Uns recorrem à religião, outros ao trabalho, há os que preferem o lazer, romances, noitadas, companhia de familiares ou amigos, ou criar um hobby.
Mas isolar-se em reflexões pode ser perigoso. E nem todos têm estrutura para tanto.
Nada é realmente importante. E ao mesmo tempo tudo é importante. É o paradoxo do tudo ou nada.
É preciso acreditar em algo para poder lutar. Mas toda construção só tem valor emocional e teórico. A terra ou o universo não estão gratos por nada que alguém venha a criar.

O dilema da criação de valores


A construção da vida é inútil.
Qualquer escolha leva a nada.
Tanto faz ser um líder poderoso, um artista famoso, ou um humilde funcionário de uma fábrica. Todos são iguais perante as leis da natureza.
A catástrofe se abete sobre elite ou povão. Tanto ricos quanto pobres são vítimas indefesas da ordem inexorável dos limites: acidentes, morte, mutilações, depressão, doenças, violência, infortúnio, miséria, perseguição, desgosto, decepção, perda, fracasso, medo, desespero, obrigação, luta pela vida, solidão, abandono e amargura.
Porém, nenhumas destas coisas teriam valor se não houvesse quem cresse em tal valor.
Todos os dias, milhares de pessoas sofrem acidentes de trânsito. Mas, só uma pequena parcela emociona-se com os acidentados. Normalmente parentes e amigos.
Quantas pessoas falecem diariamente. Mas o mundo todo chora por estas? Claro que não. Só seus entes mais próximos.
Por que só há preocupação e sofrimento por aqueles com quem se tem intimidade? Ora, é simples, por que chorar ou não chorar nada muda na ordem natural das coisas. Sofrer ou ignorar não faz diferença. A menos que a tragédia de uns inspire outros a evitarem os riscos.
Desde a mais tenra idade todos são ensinados a assumirem valores. Muitos deste para conservar a sociedade. Outros tantos meras superstições advindas de mitos não questionados. E uns tantos valores tornam-se inclusive prejudiciais. Quantas boas oportunidades de negócios não lograram bom destino devido a escrúpulos incoerentes.
Falar em escrúpulo, inclusive, é extremamente agressivo. Todos se acreditam seres éticos. E realmente são se considerado um mundo restrito, recortado e delimitado. Porém, quando se olha para a imensidão do mundo e observam-se as disparidades, privilégios, e inconsciências do quanto às atitudes praticadas são egoístas e insensíveis este dogma do “eu sou ético” torna-se infundado. Por mais pobre que alguém seja os benefícios da industrialização e da infra-estrutura urbana sempre os alcança. Então vem a ponderável consideração: alguém está a salvo de desperdiçar recursos? Água? Energia elétrica?
E quanto a diminuição da vida útil de eletrodomésticos? Com empréstimos facilitados e financiamento de produtos junto às próprias revendedoras a aquisição tornou-se mais fácil que a conservação.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Não tive


Não tive:
As melhores escolas;
A melhor moradia;
As melhores roupas;
Carros de luxo;
Comida farta;
Brinquedos sofisticados;
Familiares me cercando e bajulando;
Apoio a meus sonhos;
Conforto;
Segurança;
Assistência Médica de Qualidade.
Sonhei com tudo isto.
Lutei por tudo isto.
Agora tenho!
Mas não parece tão bom quanto imaginei.
Vejo pessoas que tiveram tudo isto
e não acham tão extraordinário.
Talvez se os papéis fossem trocados,
Vissem tudo com outros olhos.
Conheci pessoas que tiveram acesso a todos
os bens e conforto materiais.
E percebi que o destino era muito diverso.
Alguns buscaram o caminho do “bem”,
Outros optaram pelo caminho do “mal”.
Então ter ou não ter não faz diferença.
Mas conforto nunca é demais.
E valor e tão importante quanto os bens materiais.