domingo, 28 de dezembro de 2008

O dilema do Amor


"Jaz"
do Lat. jacerev. int.,
estar deitado;
estar morto;
estar sepultado;
persistir, permanecer, estar quieto;
estar situado;
estar posto;
ant.,
estar vaga (a herança), ser jacente;
s. m.,
jazida.

Hoje visitei um cemitério. Não vejo mística na morte. Para mim é algo simples e inevitável. Nada de medo. Nada de tristeza. Só mais um estágio da vida.
Oxalá ninguém falecesse. Mas esta etapa, dizem alguns, é uma das poucas coisas partilhadas por todos sem privilegiados.
O que me moveu nesta visita foi uma lápide "Aqui jaz Benetido... Maravilhoso Marido, honrado filho, admirado pai, fiel amigo, decente cidadão, devoto paroquiano, amado por todos. Deixas saudade e lembranças carinhosas de todos. Levas o que fostes para todos".
Huum, penso que poderiam ser dizeres falseados. Coisas que as pessoas dizem por educação ou respeito em celebrações fúnebres. Depois de falecido, todos se tornam santos. A memória do mal parece automaticamente apagada.
Porém, sendo justos e verdadeiros todos os dizeres, começo a preocupar-me.
O que tenho feito para que as pessoas a minha volta lembrem-se de mim quando eu morrer?
Isto não parece algo importante. Afinal, estarei morto mesmo!
Mas, tirando a insensibilidade de lado, quantas pessoas realmente me amam? Quantas estão gratas? Para quanta sou indispensável? Quantas se inspiraram em mim para fazer coisa boas? Quantas salvei? Quantas amei? De quantas cuidei com amor e carinho?
Creio que estas perguntas feitas por mim e para mim não são tão ofensivas. Porém quando se trata de outra pessoa, tudo torna-se mais agressivo.
De repente alguém chega e diz:
- Acy Reis, o que você fez de bom nesta vida?
Ou
- Acy Reis, sua vida valeu a pena?
Eita! Questão crucial.
Não sei responder. E foi pensando nisto que decidi empreender uma maratona. Sim, uma maratona pro “Acy Reis”. O objetivo é tornar-me uma pessoa amada.
Logo de cara descobri um dos maiores obstáculos: a falta de amor no mundo a minha volta.
As pessoas estão tão cheias de ódio e rancor que até abordar alguém na rua para perguntar endereço é perigoso.
Um dia deste passei numa rua e havia criancinhas brincando de “Betim”. Diminuí a velocidade para não machucá-las. Até aí tudo bem. Quando menos esperava uma criança bateu com o Betim na lata do carro. E as outra faziam a mesma coisa, gritanto “Saí logo Zé buceta”, “Ô filho da puta, a gente qué bincá”. Total desrespeito. Elas nem podiam compreender que eu diminuíra a velocidade para não machucá-las.
Também observei que um vizinho falava coisas desagradáveis a meu respeito. Ele nem sabia meu nome, sequer tinha intimidade comigo, mas levantava falsos testemunhos a meu respeito. Ignorei. Mas fiquei sentido, magoado.
As vezes tentamos fazer o bem aos outros. Mas, o mal que alguns praticam torna todos suspeitos, “os justos pagam pelos pecadores”.
Então o desafio de ser amado pelo mundo é algo sobrenatural.
Até Deus tem dificuldade de ser amado por todos. Sem motivo há os que o odeiam. O símbolo do cristianismo Jesus Cristo Morreu crucificado.
Resta uma questão de extrema importância: o que torna uma pessoa amada? Ajudar todos? Ser amável com todos? Fazer o bem aos que perseguem? Virar a outra face? Dizer sempre a verdade? Tentar fazer sempre o bem?
Ora, ora! Outra encruzilhada filosófica. Ninguém é dono da verdade. Ninguém sabe o que realmente é bom para os outros. A justiça é algo complexo. Às vezes uma pessoa é prejudicada pelo bem de todos. E isto não acho justo. Mas, todos serem prejudicados por causa de uma pessoa também não é justo.
Portanto, o quesito justiça inviabiliza a amor. Quantas pessoas não odeiam os representantes da lei por julgarem-se injustiçadas. Mas a autoridade só estava fazendo bem seu trabalho.
Cada reflexão estava me deixando mais longe de meu objetivo.
O desânimo foi tomando conta de meu coração.
E agora? O que fazer?
Sim, não posso conquistar o amor de todos. Mas, talvez possa alcançar o amor de um grande número de pessoas. Talvez as pessoas mais sensatas, que saibam o que é amar possam me amar.
Por que me amariam? Esta questão é pertinente. Pois, se eu tivesse algo para oferecer-lhes, não me amariam por amar. Meu amor seria algo comprado. Uma troca. Recebiam algo de mim e em troca me amariam. Definitivamente, isto não estaria certo.
Então resolvi desafiar as pessoas: QUEM CONSEGUE ME AMAR SEM RECEBER NADA EM TROCA? Amar por amar?

2 comentários:

  1. É uma questão muito complexa. Mas acho que o principal é sermos sinceros com as pessoas, ser forçar para ser amado ou amar ninguém. Afinidades acontecem, amores amadurecem e respeito acima de tudo.

    Obrigada por seguir meu blog.

    Um beijo e uma feliz ano novo!

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  2. Olá!

    Você conhece o livro "Mulheres que Correm com os Lobos"?

    Me interessei muito por ele logo que comecei a ler suas primeiras páginas. E desde lá tenho procurado fóruns para trocar opiniões, porém não encontrei nada.

    Então fiz um blog para que nós, mulheres, possamos ter a oportunidade de compartilhar nossas idéias a respeito dos contos deste fantástico livro!

    Se quiser conferir:
    lobasquecorrem.blogspot.com

    Um abraço!

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