domingo, 3 de agosto de 2008

Bode de dar dó


Certo dia um bode que estava no meio da rua encontrou um velho que parecia estar morto. O bode mordeu a perna do velho. O velho achou bom e passou a ser seu dono. Colocou o nome do bicho de Banguela, porque o animal tinha apenas dois dentes.
O velho foi comprar comida para dar ao bode, na venda cujo dono costumava roubar no preço das coisas. Lá chegando viu uma mulher muito filé, que era muito amiga dele. E quis que ela visse o bode. Quando eles chegaram na casa do velho, o bode correu para cima da mulher. Começou a morder. Desesperado o velho correu até a mercearia e pediu ajuda. Quando voltaram viram a mulher e o bode estendidos no chão. O dono da mercearia balançou a cabeça e disse:
— Que desperdício. O bode ainda dá uma buchada, mas a mulher a terra come.
Uma velhinha saiu da casa e falou:
— Do que você tá falando.
E o velhinho chorando:
— Não vê minha velha. O bode matou a mulher e depois morreu.
— Morreram coisa nenhuma. Os dois ficaram foi amigos depois que a mulher ofereceu uma garrafa de caninha-da-roça. Beberam até amuarem.
E deste dia em diante conta-se que os cinco costumam se reunir para comer mingau milagroso e jogar carta.

2004
Jaqueline de Souza Feitas.

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