sábado, 2 de agosto de 2008

Formiga


Saiu do buraco com um grão de areia à boca duzentos e noventa e nove vezes em seis horas.
Cortou e carregou quinhentos e sessenta e três pedaços de folhas só em um mês.
Caminhou sete mil oitocentos e dezesseis quilômetros em um ano.
Bebeu três vezes a quantidade de água ingerida por um besouro. Comeu o equivalente a três quilos em toda a vida.
Morreu numa tarde de novembro de 1982, esmagada por um pedinte que estava dormindo perto da entrada do formigueiro. Isto às três horas quarenta e cinco minutos e dez segundos.
“Droga de formigas, ficam andando em cima da gente. Elas não têm mais o que fazer” — o sujeito, ao limpara a manga da roupa, que não lava a pelo menos sete meses.

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