Não digo que os dois se conheceram... Aproximaram-se, o homenzinho manso e a mulherzinha meiga.
Ela — mais que ele — foi se instalando aos pouquinhos. Tomando o espaço do outro. Decidindo sem consultá-lo. Dominando-o com seu jeito desprotegido e humilde de ser.
— Amâncio vai...
— Vou!
— Amâncio faz...
— Faço!
— Amâncio...
— É so dizer como quer!
Quando deu por si, havia se doado todinho à ela. Não conseguia encontrar mais nada de seu à sua volta. E muito menos, no próprio interior. Era sempre:
— Pra você!
— É seu!
— Te pertence!
— Pensei em você!
— O que você prefere!
— Você é quem sabe!
— O que você acha!
— Como devo fazer!
— Bem, me ajuda a escolher!
Sim, ele não era mais ele. Ele era o ela queria. Então... sumiu. É... sumiu! Ninguém falava nada com ele. Não podia decidir mesmo. Ninguém o cumprimentava. Cumprimentavam ela! Ele? Nunca. Não o notavam. Até ela só sabia dele quando precisava de alguma coisa.
Não me atrevo a dizer que era preguiçosa. Seria falta de delicadeza, mas não se nega que tudo — todas as tarefas caseiras ou provimento da casa — era de encargo inteiro de seu Amâncio.
Ele não existia para todos, mas sem ele, ela também não existiria.
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